Von Syna auf 21.5.2021
Kategorie: Português

«É o salário que é uma vergonha»

Desde a sua chegada em 1999, Suely Ludovica Alves trabalha como funcionária de limpeza. A mulher de 60 anos e com dupla nacionalidade, brasileira e portuguesa, já assistiu a muito durante o seu trabalho – infelizmente não apenas a coisas boas.

Encontrei o meu primeiro emprego nas limpezas rapidamente após a minha chegada à Suíça. Queria simplesmente trabalhar – qualquer trabalho – para ajudar os meus filhos no Brasil. Mas o meu patrão não gostava de brasileiras. Uma vez, veio para tirar uma foto minha para o cartão de pessoal. Ele exigiu que a foto fosse tirada nas instalações sanitárias. Eu disse que preferia ser fotografada à frente de uma parede neutra. Mas ele respondeu: «Afinal, tem de ser visto que limpas sanitas!» Queria simplesmente assediar-me.

Ganhar os meus direitos

O meu horário de trabalho era das 9 horas às 14.30 horas. A determinada altura notei que não me pagavam todas as horas, mas apenas o tempo das 9 às 11 horas! Felizmente anotei sempre o meu tempo de trabalho. Perguntei aos meus colegas de trabalho se também tiveram horas em falta na folha de salário. E, realmente, foi este o caso para alguns. Mas a maioria não queria lutar. Tinham medo e estavam contentes em receber algum dinheiro. Pedi ajuda a uma colega pessoal que falava bem alemão. Ela acompanhou-me até ao patrão para exigir o salário em falta. De início, este alegou simplesmente que a minha folha de salário estaria correta. No entanto, quando a minha colega mencionou o escritório de advogados onde trabalhava, de repente, cedeu ... Posteriormente, pagaram todas as horas em falta – 3343 francos! E não apenas a mim, mas também aos outros que estavam dispostos a reclamar.

Erro no sistema

Atualmente, trabalho para uma empresa de limpezas onde estou contente. Na realidade, gosto do trabalho, porque nas limpezas tens uma certa liberdade e podes trabalhar de forma autónoma. Juntamente com uma colega sou responsável pelo objeto que limpo. No entanto, sei que as condições laborais não são boas em todo o lado. É o sistema que está errado: nas grandes empresas de limpeza existem as/os chamadas/os chefes do objeto. São pessoas da equipa que têm exatamente as mesmas qualificações como tu. De repente, são nomeadas para ser chefes, o que a muitas sobe à cabeça. Depois tratam mal a sua equipa e exigem que façam horas extras. Estás à mercê delas porque escrevem relatórios para a gerência. Neles podem afirmar o que quiserem, mesmo aquilo que não corresponda à verdade.

Lutar para um salário justo

Um outro problema: novas pessoas são constantemente contratadas por salários muito baixos. Estas afastam as mais velhas, que estão empregadas há mais tempo e que ganham mais. As novas aceitam os salários baixos. Ficam contentes em conseguir um emprego. Em geral, o salário é demasiado baixo neste setor. Especialmente nas empresas de limpeza ganha-se, em parte, menos que 20 francos por hora. Se fizesse limpezas em particular, ganharia mais. Está errado! Muitos têm vergonha de trabalhar nas limpezas. Mas está errado! É o salário que é uma vergonha! O nosso trabalho é tão importante como o dos outros. Por isso, merecemos respeito. E um salário justo – pelo qual o Syna luta connosco.

Ajuda pela especialista
Também por este motivo sou membro do Syna, entretanto já há mais de cinco anos. Em todo o mundo, as mulheres são castigadas: não trabalhamos apenas no emprego, mas também ainda em casa – gratuitamente. É importante que o Syna combata esta injustiça.
Além disso, o sindicato é uma organização que te apoia. Às outras mulheres digo: luta se tens problemas no trabalho. Procura ajuda no Syna! Quando estiveres doente, também vais ao médico. E em termos de direito laboral o sindicato é o especialista.

A nova classe trabalhadora é principalmente feminina e trabalha no sector dos serviços. As suas condições de trabalho são frequentemente precárias: os salários são baixos, as horas de trabalho são longas e a pressão está a aumentar. Isto só pode mudar se as trabalhadoras se levantarem e lutarem pelos seus direitos.


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