Par Syna le 21.5.2021
Catégorie: Português

«Se todos nos mantivermos unidos, nada nos pode acontecer!»

Na sua ainda curta carreira profissional, Aurore Schulz já conheceu muitas coisas diferentes. Depois de completar o seu curso profissional comercial, ela veio para a indústria hoteleira através do setor do turismo. Acima de tudo, ela sente falta da valorização e solidariedade no seu trabalho.

O que mais gosto no meu trabalho é o contacto com as pessoas. Mesmo durante o meu curso profissional comercial nos correios, gostava mais do trabalho ao balcão, onde encontrava uma grande variedade de pessoas todos os dias. Por outro lado, nunca gostei muito do backoffice. Foi por isso que acabei no setor do turismo depois de concluir a minha formação. Trabalhei como guia para uma empresa suíça grande, na loja da fábrica, no bar e na caixa registadora. Gostei desta grande variedade e tive a oportunidade de usar as minhas habilidades linguísticas na conversa com os clientes.

Às vezes, as aparências enganam

Infelizmente, as condições laborais não eram tão boas. Por exemplo, durante todo o nosso turno de nove horas, além dos intervalos, nunca podíamos sentar-nos – nem mesmo se não houvesse clientes. Foi-nos dito que não era profissional. Eles nem abriram uma exceção para a minha colega de trabalho grávida! Além disso, havia repetidas acusações e críticas inapropriadas. Uma vez, até me disseram que eu sorria pouco. Mas isso é completamente absurdo – estou quase sempre a rir. Mas este é apenas um dos muitos exemplos. Quase não havia palavras positivas, eles torciam tudo de modo a ficarmos mal-vistos. Acho que também se devia ao facto de não nos quererem pagar mais: se alguém obtivesse uma nota superior a 3 nas avaliações dos funcionários  – em uma escala de 1 a 5 – automaticamente ganhava mais. Mas isso quase nunca aconteceu.

É difícil lutar sozinho

Achei isto injusto e disse isto também aos meus superiores. Mas eles não estavam realmente interessados e não reagiram. Para mudar isto, tentei mobilizar os meus colegas. Queria motivá-los a trabalhar juntos por melhores condições laborais – ou, se necessário, a entrar em greve se nada acontecesse. Quero dizer: ao nos mantemos juntos, nada nos pode acontecer! Mas a maioria deles estava com demasiado medo, ou talvez não conhecessem os seus direitos o suficiente. Que pena: porque fica difícil ser convincente, quando as tuas e os teus colegas aceitam tudo tacitamente e tu és a única a querer lutar. Por isso, dirigi-me ao sindicato Syna. O sindicato então lutou por mim – ou melhor: por nós. Anotei todas as acusações e críticas injustificadas. Isto deu ao Syna material suficiente para entrar em contacto com o meu empregador na altura. No final conseguiu acabar, pelo menos, com o trabalho tipo piquete.

Falta de valorização
Hoje trabalho como recepcionista num hotel e também faço o exame complementar para o ensino superior. Dou-me muito bem com a minha chefe atual. Sei que ela defende os funcionários sempre que pode. Mas como elo de uma longa corrente, tem pouco espaço de manobra, tudo é decidido nos níveis superiores.
Gosto do meu trabalho, mesmo que o horário de trabalho às vezes me incomode um pouco. Na verdade, estamos sempre a trabalharno hotel – seja no fim de semana, à noite ou nos feriados. No entanto, os salários no setor são inacreditáveis: mesmo com uma carga horária completa, não chegaria a 4000 francos! Se tivéssemos um horário normal de expediente, eu não me importaria muito. Mas desta forma acho muito injusto. Acho que muitas pessoas nem vêem o que temos de aguentar para que possam passar férias e ter uma estadia agradável. Eu sei que isso faz parte da profissão. Mas ainda gostaria que fosse visto e valorizado mais um pouco.

A nova classe trabalhadora é principalmente feminina e trabalha no sector dos serviços. As suas condições de trabalho são frequentemente precárias: os salários são baixos, as horas de trabalho são longas e a pressão está a aumentar. Isto só pode mudar se as trabalhadoras se levantarem e lutarem pelos seus direitos.


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