Par Syna le 18.5.2021
Catégorie: Português

Acabar com as condições laborais precárias

Décimo terceiro salário mensal, intervalos garantidos, plano de trabalho semanal ou um salário que dê para viver. Para muitos funcionários do setor de prestação de serviços, isto não é uma coisa natural, mas pura utopia. Centenas de milhares de empregados, na sua maioria mulheres, estão hoje presos em tais condições laborais precárias.

Atualmente, mais de 75% dos empregados trabalham no setor de prestação de serviços - e a tendência continua a aumentar. Neste ramo, as condições laborais precárias são particularmente generalizadas e afetam, entre outros, o comércio de retalho, o setor das limpezas, a hotelaria e o setor de cabeleireiros/barbeiros, mas também o serviço de saúde. As precárias condições laborais alastraram-se, portanto, precisamente nos setores em que a maioria das mulheres trabalha.

Será coincidência?

​Muitos são os motivos que levaram à situação atual e a estabeleceram. Ao contrário de há 50 anos, hoje as mulheres estão muito presentes no mercado de trabalho. Somente nas últimas décadas elas entraram cada vez mais no mercado de trabalho. Isto aconteceu de forma gradual e, originalmente, sobretudo por meio de atividades auxiliares, vendas ou profissões sociais - todas atividades clássicas no setor de prestação de serviços. Trabalhar a tempo inteiro ou receber um salário que pudesse sustentar toda uma família foi a exceção por muito tempo e permanece fora do alcance de muitas mulheres hoje em dia.

O trabalho a tempo reduzido não só reduz as oportunidades de formação contínua e promoção, mas também leva a desigualdades salariais e trabalho mal pago. O trabalho a tempo reduzido deveria ser uma opção para mulheres e homens, mas hoje é principalmente uma restrição ao acesso a melhores salários para as mulheres no setor de prestação de serviços. A atual organização do trabalho, assim como a política social e familiar, deriva do seu historial e ainda não a superou até hoje.

A nova classe trabalhadora é principalmente feminina e trabalha no sector dos serviços. As suas condições de trabalho são frequentemente precárias: os salários são baixos, as horas de trabalho são longas e a pressão está a aumentar. Isto só pode mudar se as trabalhadoras se levantarem e lutarem pelos seus direitos.

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Quais as consequências?Gib eine Überschrift ein...

As sérias consequências de décadas de trabalho a tempo reduzido ou trabalhos mal pagos muitas vezes só se tornam aparentes na velhice, porque os nossos sistemas sociais retrógrados não dão suporte adequado exatamente a estas pessoas. Um mercado de trabalho e os seus sistemas de segurança social voltados para pessoas (homens) que auferem o único salário na família, colocam em desvantagem todas aquelas que não vivem em modelos familiares tradicionais. Independentemente de ter uma família mono-parental ou ser divorciada/o, atualmente a pobreza na Suíça é antes de tudo uma coisa: feminina!

O baixo valor atribuído a estas profissões em comparação com os setores dominados por homens é mais um obstáculo para melhorar fundamentalmente as condições laborais nos setores em questão. Isto também se aplica a profissões sociais. Mas também as atitudes básicas, estereótipos e obrigações sociais levam à desvalorização permanente de muitas profissões no setor de prestação de serviços ou das mulheres que as exercem. As mulheres nestes setores precisam de defender-se contra o desigual tratamento estrutural, bem como contra os clichés e ideias sociais. Se estas mulheres também são imigrantes, elas sentem a discriminação em vários níveis - com base no seu género bem como na sua origem ou religião.

 E agora?

Como se tudo isto não bastasse, a pandemia do coronavírus tem um efeito particularmente devastador sobre os funcionários com empregos precários e aumenta as desigualdades sociais. Dezenas de milhares de empregados são afetados pela perda de emprego e o trabalho a tempo reduzido, e o fim ainda não está à vista. As perdas financeiras associadas são dificilmente suportadas, sobretudo por pessoas com baixos rendimentos. Famílias inteiras ficarão dependentes da assistência social ou tornam-se nos chamados "working poor" (trabalhadores pobres).

Chegou a hora de pôr fim a esta precaridade permanente. Por isso...

Por tudo isto devemos lutar e levantar juntos a voz: Eu vou-me reerguer! E tu?

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