Par Syna le 18.5.2021
Catégorie: Português

Mulheres imigrantes no mercado de trabalho suíço: relevantes para o sistema e discriminadas de múltiplas formas

Está provado que mulheres e homens imigrantes são discriminados no mercado de trabalho da Suíça. Além disso, as mulheres imigrantes trabalham frequentemente e acima da média no setor de salários baixos, onde são confrontadas com relações laborais precárias. Estão expostas a múltiplas discriminações devido ao seu género, ao seu passado de imigração e à sua profissão. A crise do coronavírus atingiu-as de forma especialmente dura – mas porquê?

Independentemente do seu nível de instrução ou do seu estatuto de imigração, as mulheres e homens imigrantes são confrontados com discriminação já na procura de trabalho. Em concreto, por causa do seu nome, da sua cor de pele ou da sua religião são avaliados de forma diferente do que Suíças e Suíços com as mesmas qualificações pelos empregadores no recrutamento e/ou na promoção. Por isso, muitas vezes são obrigados a aceitar trabalhos que não correspondem às suas qualificações profissionais - obtidas tanto na Suíça como no estrangeiro. São "desqualificados". Para as mulheres imigrantes aplicam-se ainda mais discriminações estruturais devido ao seu género: como mulheres recebem menos salário para o mesmo trabalho, muitas (potenciais) mães não são tratadas de forma igual e realizam grandes quantidades de trabalho gratuito. Portanto, as mulheres imigrantes estão frequentemente expostas a múltiplas discriminações no mercado de trabalho suíço.

Condições laborais precárias

​Esta desqualificação tem como resultado que as mulheres imigrantes são obrigadas, acima da média, a trabalhar no setor de salários baixos. Aprox. 2/3 dos empregos no setor de limpezas são ocupados por mulheres com historial de imigração e um grande número de mulheres imigrantes trabalha também no setor de cuidados institucionais relevantes do sistema. O trabalho nestes setores tem muitos aspetos precários: As condições laborais são marcadas por grande exigência de flexibilidade, horários de trabalho irregulares, trabalho a pedido, salários abaixo da média e proteção de saúde insuficiente.

Um exemplo extremo é o trabalho de cuidados e enfermagem permanente nas casas privadas que, na maioria, é realizado por mulheres imigrantes. Em grande parte, não é regulamentado por lei, o que facilita várias formas de exploração e torna as trabalhadoras altamente dependentes. Geralmente, a previdência social é completamente inexistente e não há limites para o "dumping salarial". Se as trabalhadoras não tiverem documentos, estão numa situação completamente sem legislação nem proteção e muitas vezes não conseguem livrar-se destas condições laborais exploradoras durante anos.

Crises económicas como a pandemia do coronavírus atingem particular e duramente as mulheres imigrantes em tais condições laborais precárias. Com condições de trabalho legalmente pouco claras, elas não têm direito ao trabalho a tempo reduzido, são geralmente as primeiras a perder o emprego e, então, não estão ou estão insuficientemente protegidas pela rede de segurança social. O fecho de fronteiras e regulamentações de viagens mais rígidas tornam a situação ainda mais difícil para trabalhadoras imigrantes sazonais com relações de trabalho já precárias. Se as mulheres migrantes têm também um estatuto de residência precário, elas geralmente não têm outra escolha senão refugiar-se na mais precária de todas as relações de trabalho, o trabalho não declarado completamente ilegal. Além da dupla discriminação fundamental por serem mulheres e imigrantes no mercado de trabalho suíço, as consequências da pandemia do coronavírus atingiram-nas com mais força do que a outras. Devido ao seu ambiente de trabalho já precário, o risco de desemprego e empobrecimento como "trabalhadoras pobres" é muito maior.

A nova classe trabalhadora é principalmente feminina e trabalha no sector dos serviços. As suas condições de trabalho são frequentemente precárias: os salários são baixos, as horas de trabalho são longas e a pressão está a aumentar. Isto só pode mudar se as trabalhadoras se levantarem e lutarem pelos seus direitos.

syna.ch/eu-vou-me-reerguer

Reconhecimento e condições laborais seguras para mulheres e homens imigrantes AGORA

As mulheres e os homens imigrantes e trabalhadores estrangeiros dão uma importante contribuição para a economia suíça. Sem os seus esforços incansáveis, a construção civil, o setor da saúde e da restauração entrariam em colapso. A crise do coronavírus mostrou de forma particularmente clara que é impossível atender às necessidades de cuidados institucionais e privados sem imigrantes. E esta necessidade por cuidadores aumentará no futuro, com o envelhecimento da população.

A importância das mulheres imigrantes como trabalhadoras na Suíça e as múltiplas formas de discriminação que vivem hoje em dia devem finalmente ser levadas a sério e trazidas à tona. No ano de 2021 devemos lutar para tal na Suíça e levantar as nossas vozes. Eu vou-me reerguer! E tu?

Article en relation